A crescente carga de trabalho, metas cada vez mais agressivas e o ambiente digital 24 horas acabam impactando a saúde mental dos colaboradores. Em resposta, muitas organizações estão se voltando para iniciativas sistemáticas de atenção ao bem-estar emocional, atentas ao impacto real sobre desempenho e retenção.
Para Fabíola Gonçalves, neuropsicóloga especialista em terapia cognitivo comportamental e fundadora da InFocus Health, “o cuidado com a mente não pode mais ser visto como benefício extra, é uma exigência de médio prazo para qualquer empresa que queira manter equipes saudáveis e motivadas”.

Quando a rotina pesa
Relatos frequentes em empresas indicam que sintomas como insônia, irritação, dificuldade de concentração ou queda de rendimento não são mais pontuais. Eles se acumulam e causam impacto direto no resultado das organizações. Estima-se que o absenteísmo por questões de saúde mental chegue a patamares expressivos, demandando uma resposta mais estruturada do que simples folgas eventuais ou palestras motivacionais.
A resposta corporativa: programas estruturados
Diante desse cenário, surge a necessidade por um programa de saúde mental nas empresas, um conjunto de ações integradas que envolvem desde o diagnóstico de clima e fatores de risco até o acompanhamento contínuo, atendimento remoto e capacitação de lideranças. “Quando você mapeia os riscos psicossociais e oferece suporte real, reduz-se o turnover, melhora-se o engajamento e melhora-se a resiliência da equipe”, explica a Psicologa Fabiola Gonçalves.
Nas empresas que já implementaram esse tipo de programa, observa-se uma mudança no discurso e na gestão: em vez de tratar sintomas isolados, passa-se a observar padrões, treinar gestores para reconhecer sinais e agir precocemente. Para o colaborador, isso representa ambientes em que ele se sente visto, apoiado e menos vulnerável ao desgaste.
A terapia digital como peça chave:
Um componente crítico desse novo modelo é o atendimento on-line. No mundo corporativo ágil, a oferta de terapia cognitivo-comportamental online surge como solução viável para questões como ansiedade, mudanças de vida e pressões intensas. Por sua vez, colaboradores que enfrentam episódios depressivos têm agora a opção de buscar uma psicóloga online para depressão com mais rapidez, sem barreiras geográficas ou logísticas.
Fabíola ressalta que “a acessibilidade não diminui a qualidade, ao contrário, traz amplitude. Quanto mais cedo o cuidado, mais preventiva a ação”. A cultura corporativa ganha quando os colaboradores sabem que podem contar com ajuda profissional dentro de uma política de bem-estar.
Do discurso à prática
Para que esse movimento deixe de ser apenas retórico, especialistas apontam três passos práticos para empresas:
- Diagnóstico real
 
Identificar fatores de risco psicossociais: carga de trabalho, controle, suporte, cultura.
- Treinamento de lideranças
 
Capacitar gestores a enxergar e agir quando a mente do colaborador dá sinais de desgaste.
- Integração e continuidade
 
Integrar o programa ao plano de benefícios, com contratos ou parcerias que permitam o acesso à terapia digital, capacitação e monitoramento.
Quando essas etapas são cumpridas, o impacto reflete no clima organizacional, na retenção de talentos e no desempenho sustentado. É o cuidado com a mente traduzido em vantagem competitiva, além de responsabilidade social.
O colaborador no centro
Para quem trabalha, a mensagem é clara: estar em uma empresa que adota práticas de cuidado significa mais do que “ter apoio”, significa fazer parte de um ambiente onde sua saúde importa. “Ter opção de terapia online ou ser parte de um programa estruturado não é luxo: é sinal de que a empresa se preparou para os novos desafios”, afirma Gonçalves.
Na era pós-pandemia, a forma como trabalhamos mudou e a forma como cuidamos da mente também. Hoje, organizações eficientes entendem que os resultados dependem de pessoas saudáveis, equilibradas e apoiadas.
